Essência versus Natureza

Escrito por Lilith Ashtart
© 2010 by Lilith Ashtart


Embora ambos os termos possam ser encontrados em dicionários possuindo uma estreita interligação entre seus significados, de forma que frequentemente são utilizados como sinônimos em muitas literaturas, é importante que a distinção entre ambos seja conhecida para que possam ser utilizados e compreendidos de maneira clara, a fim de não dar margem a interpretações dúbias ou incorretas.

Quando nos referimos à essência, estamos nos referindo a algo fixo, imutável, uma herança de nossa origem primordial que trazemos em nosso ser interior, mas que, embora não possamos modificá-la, podemos ou não aceitar vivenciá-la plenamente. Ao a descobrirmos e iniciarmos a refleti-la em nossas vidas nos aproximamos cada vez mais da re-união com nosso princípio criador; pois, assim como o ar que está preso na molécula de água tenciona voltar a seu estado gasoso original quando esta se romper através de um processo de transformação, a evaporação, assim nossa essência tenciona voltar ao seu lugar de origem, o que também apenas pode ser conseguido através de um processo de transformação nosso, já que, contida em nós, necessita deste meio para ser liberta ao nos tornarmos, no fim do processo, a ela própria.

A natureza, ao contrário da essência, é neutra: possui ambos os princípios criativos em si, e por isso não tenciona a nenhum deles em particular. Possuindo a ambos e não sendo nenhum, para ela não há distinção ou preferência no que refletirá, já que é imparcial, e o reflexo será puramente a essência do que está diante do espelho. Assim, outra denominação que usamos para nos referir a natureza é espelho da verdade, pois não possuindo intenção, ele reflete cada um exatamente da forma que é independentemente do que deseje ou tente aparentar ser. Este espelho revela nossa essência através das provas, as ordálias que encontramos em nossa jornada e que surgem de nossos próprios atos. Por isso não adianta tentarmos nos fantasiar de reis se somos escravos que não sabem comandar... as provas exigidas para confirmar tal direito destituiriam nossa máscara. É como se a cada batalha perdida tivéssemos que retirar uma parte de nossa fantasia, que ilusoriamente tentava enganar o espelho, e com isso fôssemos mostrando aos poucos nossas marcas e traços de escravos, até que nos revelaríamos como sendo um... mesmo ao vestir uma fantasia diante do espelho, este jamais deixa de refletir o ser que há por detrás dela...

O homem não deve ter natureza, mas história. Entregar-se aos desígnios da natureza como um expectador passivo diante da vida é ausentar-se de suas responsabilidades na construção de seu próprio ser, da descoberta do que é e de seu próprio destino.

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